Poesia: Fernando Pessoa - Antologia - Parte 14 - NADIE EN PLURAL - Álvaro de Campos - Mestre - Maestro - Em Portugues y Español - Miguel Ángel Flores trad.
Posted by Ricardo Marcenaro | Posted in Poesia: Fernando Pessoa - Antologia - Parte 14 - NADIE EN PLURAL - Álvaro de Campos - Mestre - Maestro - Em Portugues y Español - Miguel Ángel Flores trad. | Posted on 13:10
15-4-1928
MESTRE, meu mestre querido!
Coração do meu corpo intelectual e inteiro!
Vida da origem da minha inspiração!
Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida?
Não cuidaste se morrerias, se viverias, nem de ti nem de nada,
Alma abstrata e visual até aos ossos,
Atenção maravilhosa ao mundo exterior sempre múltiplo,
Refúgio das saudades de todos os deuses antigos,
Espírito humano de terra materna,
Flor acima do dilúvio da inteligência subjetiva...
Mestre, meu mestre!
Na angústia sensacionista de todos os dias sentidos,
Na mágoa quotidiana das matemáticas de ser,
Eu, escravo de tudo com um pó de todos os ventos,
Ergo as mãos para ti, que estás longe, tão longe de mim!
Meu mestre e meu guia!
A quem nenhuma coisa feriu, nem doeu, nem perturbou,
Seguro como um sol fazendo o seu dia involuntariamente,
Natural como um dia mostrando tudo,
Meu mestre, meu coração não aprendeu a tua serenidade.
Meu coração não aprendeu nada.
Meu coração não é nada,
Meu coração está perdido.
Mestre, só seria como tu se tivesse sido tu.
Que triste a grande hora alegre em que primeiro te ouvi!
Depois tudo é cansaço neste mundo subjetivado,
Tudo é esforço neste mundo onde se querem coisas,
Tudo é mentira neste mundo onde se pensam coisas
Tudo é outra coisa neste mundo onde tudo se sente.
Depois, tenho sido como um mendigo deixado ao relento
Pela indiferença de toda a vila.
Depois, tenho sido como as ervas arrancadas,
Deixadas aos molhos em alinhamentos sem sentido.
Depois, tenho sido eu, sim eu, por minha desgraça,
E eu, por minha desgraça, não sou eu nem outro nem ninguém.
Depois, mas por que é que ensinaste a clareza da vista,
Se não me podias ensinar a ter a alma com que a ver clara?
Por que é me chamaste para o alto dos montes
Se eu, criança das cidades do vale, não sabia respirar?
Por que é que me deste a tua alma se eu não sabia que fazer dela
Como quem está carregado de ouro num deserto,
Ou canta com voz divina entre ruínas?
Por que é que me acordaste para a sensação e a nova alma,
Se eu não saberei sentir, se a minha alma é de sempre a minha?
Prouvera ao Deus ignoto que eu ficasse sempre aquele
Poeta decadente, estupidamente pretensioso,
Que poderia ao menos vir a agradar,
E não surgisse em mim a pavorosa ciência de ver.
Para que me tornaste eu? Deixasses-me ser humano!
Feliz o homem marçano,
Que tem a sua tarefa quotidiana normal, tão leve ainda que pesada.
Que tem a sua vida usual,
Para quem o prazer é prazer e o recreio é recreio,
Que dorme sono,
Que come comida,
Que bebe bebida, e por isso tem alegria.
A calma que tinhas, deste-ma, e foi-me inquietação.
Libertaste-me, mas o destino humano é ser escravo.
Acordaste-me, mas o sentido de ser humano é dormir.
¡MAESTRO, mi querido maestro!
¡Corazón de mi cuerpo intelectual y entero!
¡Vida del origen de mi inspiración!
Maestro, ¿qué se hizo de ti en esta forma de vida?
No te importó si morías, si vivirías, ni tú ni nada,
Alma abstracta y visual hasta los huesos,
Atención maravillosa al mundo exterior siempre múltiple,
Refugio de saudades de todos los dioses antiguos,
Espíritu humano de la tierra materna,
Flor encima del diluvio de la inteligencia subjetiva...
¡Maestro, mi maestro!
En la angustia sensacionista de todos los días sentidos,
En la amargura cotidiana de las matemáticas del ser,
Yo, esclavo de todo como un polvo de todos los vientos,
¡Alzo las manos hacia ti, que estás lejos, tan lejos de mí!
¡Mi maestro y mi guía!
A quien ninguna cosa hirió, ni dolió, ni perturbó,
Seguro como un sol haciendo su día involuntariamente,
Natural como un día mostrando todo,
Maestro mío, mi corazón no aprendió tu serenidad.
Mi corazón no aprendió nada.
Mi corazón no es nada,
Mi corazón está perdido.
Maestro, sólo sería como tú si yo hubiera sido tú.
¡Qué triste la gran hora alegre en que primero te oí!
Después todo es cansancio en este mundo subjetivado,
Todo es esfuerzo en este mundo donde se quieren cosas,
Todo es mentira en este mundo donde se piensan cosas,
Todo es otra cosa en este mundo donde todo se siente.
Después, he sido como un mendigo dejado a la intemperie
Por la indiferencia de toda la aldea,
Después, he sido como las yerbas arrancadas,
Dejadas en manojos en alineamientos sin sentido.
Después, he sido yo, sí yo, para mi desgracia,
Y yo, por mi desgracia, no soy yo ni otro ni nadie.
Después, por qué enseñaste la nitidez de la vista,
¿Si no me pudiste enseñar a tener el alma con qué verla clara?
¿Por qué me llamaste hacia lo alto de los montes
Si yo, criatura de las ciudades del valle, no sabía respirar?
¿Por qué me diste tu alma si yo no sabía qué hacer con ella
Como quien está cargado de oro en un desierto,
O canta con voz divina entre ruinas?
¿Por qué me despertaste para la sensación y el alma nueva,
Si yo no sabré sentir, si mi alma es siempre mía?
Pluguiera al Dios ignoto que siempre fuera yo aquel
Poeta decadente, estúpidamente pretencioso,
Que podría al menos venir a agradar,
Y no surgiera en mí la pavorosa ciencia de ver.
¿Para qué me hiciste yo? ¡Me hubieras dejado ser humano!
Feliz el hombre ordinario,
Que tiene su tarea cotidiana normal, tan leve aunque pesada,
Que tiene su vida común,
Para quien el placer es placer y el recreo es recreo,
Que duerme el dormir,
Que come comida,
Que bebe bebida, y por eso tiene alegría.
La calma que tenías, me la diste, y me fue inquietud.
Me liberaste, pero el destino humano es ser esclavo.
Me despertaste, pero el sentido de ser humano es dormir.
Coração do meu corpo intelectual e inteiro!
Vida da origem da minha inspiração!
Mestre, que é feito de ti nesta forma de vida?
Não cuidaste se morrerias, se viverias, nem de ti nem de nada,
Alma abstrata e visual até aos ossos,
Atenção maravilhosa ao mundo exterior sempre múltiplo,
Refúgio das saudades de todos os deuses antigos,
Espírito humano de terra materna,
Flor acima do dilúvio da inteligência subjetiva...
Mestre, meu mestre!
Na angústia sensacionista de todos os dias sentidos,
Na mágoa quotidiana das matemáticas de ser,
Eu, escravo de tudo com um pó de todos os ventos,
Ergo as mãos para ti, que estás longe, tão longe de mim!
Meu mestre e meu guia!
A quem nenhuma coisa feriu, nem doeu, nem perturbou,
Seguro como um sol fazendo o seu dia involuntariamente,
Natural como um dia mostrando tudo,
Meu mestre, meu coração não aprendeu a tua serenidade.
Meu coração não aprendeu nada.
Meu coração não é nada,
Meu coração está perdido.
Mestre, só seria como tu se tivesse sido tu.
Que triste a grande hora alegre em que primeiro te ouvi!
Depois tudo é cansaço neste mundo subjetivado,
Tudo é esforço neste mundo onde se querem coisas,
Tudo é mentira neste mundo onde se pensam coisas
Tudo é outra coisa neste mundo onde tudo se sente.
Depois, tenho sido como um mendigo deixado ao relento
Pela indiferença de toda a vila.
Depois, tenho sido como as ervas arrancadas,
Deixadas aos molhos em alinhamentos sem sentido.
Depois, tenho sido eu, sim eu, por minha desgraça,
E eu, por minha desgraça, não sou eu nem outro nem ninguém.
Depois, mas por que é que ensinaste a clareza da vista,
Se não me podias ensinar a ter a alma com que a ver clara?
Por que é me chamaste para o alto dos montes
Se eu, criança das cidades do vale, não sabia respirar?
Por que é que me deste a tua alma se eu não sabia que fazer dela
Como quem está carregado de ouro num deserto,
Ou canta com voz divina entre ruínas?
Por que é que me acordaste para a sensação e a nova alma,
Se eu não saberei sentir, se a minha alma é de sempre a minha?
Prouvera ao Deus ignoto que eu ficasse sempre aquele
Poeta decadente, estupidamente pretensioso,
Que poderia ao menos vir a agradar,
E não surgisse em mim a pavorosa ciência de ver.
Para que me tornaste eu? Deixasses-me ser humano!
Feliz o homem marçano,
Que tem a sua tarefa quotidiana normal, tão leve ainda que pesada.
Que tem a sua vida usual,
Para quem o prazer é prazer e o recreio é recreio,
Que dorme sono,
Que come comida,
Que bebe bebida, e por isso tem alegria.
A calma que tinhas, deste-ma, e foi-me inquietação.
Libertaste-me, mas o destino humano é ser escravo.
Acordaste-me, mas o sentido de ser humano é dormir.
¡MAESTRO, mi querido maestro!
¡Corazón de mi cuerpo intelectual y entero!
¡Vida del origen de mi inspiración!
Maestro, ¿qué se hizo de ti en esta forma de vida?
No te importó si morías, si vivirías, ni tú ni nada,
Alma abstracta y visual hasta los huesos,
Atención maravillosa al mundo exterior siempre múltiple,
Refugio de saudades de todos los dioses antiguos,
Espíritu humano de la tierra materna,
Flor encima del diluvio de la inteligencia subjetiva...
¡Maestro, mi maestro!
En la angustia sensacionista de todos los días sentidos,
En la amargura cotidiana de las matemáticas del ser,
Yo, esclavo de todo como un polvo de todos los vientos,
¡Alzo las manos hacia ti, que estás lejos, tan lejos de mí!
¡Mi maestro y mi guía!
A quien ninguna cosa hirió, ni dolió, ni perturbó,
Seguro como un sol haciendo su día involuntariamente,
Natural como un día mostrando todo,
Maestro mío, mi corazón no aprendió tu serenidad.
Mi corazón no aprendió nada.
Mi corazón no es nada,
Mi corazón está perdido.
Maestro, sólo sería como tú si yo hubiera sido tú.
¡Qué triste la gran hora alegre en que primero te oí!
Después todo es cansancio en este mundo subjetivado,
Todo es esfuerzo en este mundo donde se quieren cosas,
Todo es mentira en este mundo donde se piensan cosas,
Todo es otra cosa en este mundo donde todo se siente.
Después, he sido como un mendigo dejado a la intemperie
Por la indiferencia de toda la aldea,
Después, he sido como las yerbas arrancadas,
Dejadas en manojos en alineamientos sin sentido.
Después, he sido yo, sí yo, para mi desgracia,
Y yo, por mi desgracia, no soy yo ni otro ni nadie.
Después, por qué enseñaste la nitidez de la vista,
¿Si no me pudiste enseñar a tener el alma con qué verla clara?
¿Por qué me llamaste hacia lo alto de los montes
Si yo, criatura de las ciudades del valle, no sabía respirar?
¿Por qué me diste tu alma si yo no sabía qué hacer con ella
Como quien está cargado de oro en un desierto,
O canta con voz divina entre ruinas?
¿Por qué me despertaste para la sensación y el alma nueva,
Si yo no sabré sentir, si mi alma es siempre mía?
Pluguiera al Dios ignoto que siempre fuera yo aquel
Poeta decadente, estúpidamente pretencioso,
Que podría al menos venir a agradar,
Y no surgiera en mí la pavorosa ciencia de ver.
¿Para qué me hiciste yo? ¡Me hubieras dejado ser humano!
Feliz el hombre ordinario,
Que tiene su tarea cotidiana normal, tan leve aunque pesada,
Que tiene su vida común,
Para quien el placer es placer y el recreo es recreo,
Que duerme el dormir,
Que come comida,
Que bebe bebida, y por eso tiene alegría.
La calma que tenías, me la diste, y me fue inquietud.
Me liberaste, pero el destino humano es ser esclavo.
Me despertaste, pero el sentido de ser humano es dormir.
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